Por que os pais insistem em escolher a profissão de seus filhos?

Tocarei em um assunto delicado, mas que é muito importante falar e chamar atenção; algo que presenciei, em uma palestra que fiz em uma escola de ensino médio. Lá estavam garotos e garotas de 15 a 18 anos de idade e muitos pensando de forma incansável no famigerado, e ainda muito presente na vida das pessoas, vestibular. Pois é, e eu lá falando para eles de propósito de vida, integração de vida pessoal e profissional e sobre como o mundo corporativo e as pessoas que hoje estão no mercado de trabalho estão doentes.

Estavam todos prestando imensa atenção e muitos, com a curiosidade que é peculiar ao público adolescente, me bombardeavam com perguntas muito interessantes e inteligentes. Perguntas de deixar muito marmanjo de queixo caído com a precisão do raciocínio e do ponto onde queriam chegar com suas colocações!

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Chegando ao final da palestra, mais perguntas, muitos sorrisos e mais perguntas, até que chegamos ao final. Como sempre acontece, algumas pessoas me procuraram em um quase impossível particular para esclarecer alguns pontos. Aí que comecei a ficar apavorado…  Uma menina de 17 anos me disse: “Fredy, quando você tomou certas decisões na sua vida, você ficou com medo?”

Respondi: “Para lhe ser bem sincero, em quase todas as decisões que tomei na minha vida tive medo, principalmente de não falhar e/ou não conseguir e desapontar alguém. Mas, mesmo assim fui em frente, me enchi de pensamentos positivos e parti para o meu desafio.”

A menina com um olhar mareado e com um ar de extremo sofrimento, disse: “Eu tenho muito medo de decepcionar meus pais, mas, eles querem que eu faça vestibular de medicina. E eu não suporto a ideia de ser médica, não é isso que eu quero para mim. Você me entende?”

Foi como se eu estivesse, naquele momento, tomado um direto de direita bem na ponta do queixo. Fui literalmente à nocaute. Mas, não poderia deixa-la sem uma palavra de incentivo e aí disparei… “Minha jovem, caso você não tenha coragem de falar o que gostaria para seus pais, escreva-lhes uma carta colocando todos os seus sentimentos em relação ao que você quer ser no futuro e o que irá deixa-la feliz. Abra seu coração e não tenho dúvidas que seus pais irão lhe escutar e te apoiarão na sua escolha.”

A jovem sorriu, me agradeceu e foi embora. Relatei o fato aos professores e coordenadores ali presentes. Para minha grande surpresa eles me disseram que existe um sem número de alunos com depressão na escola justamente por este fato. Uma incansável cobrança dos pais em colocarem suas frustrações profissionais e por terem vivido uma vida sem propósito claro nos ombros dos seus filhos.

Olha, pensei até em escrever um palavrão aqui, mas como não sou desses, digo: Senhores pais, entendam que os empregos do futuro ainda estão por serem criados e que seus filhos não estão em contato ainda com estes empregos. Muitos dos trabalhos que vocês fazem ou têm conhecimento não existirão mais em muito breve. Portanto, deixem seus filhos serem felizes e escolherem o que for melhor para eles, o que os fizerem realmente felizes; até porque eles não querem o mesmo que vocês querem. O mundo mudou muito radicalmente de quando vocês foram forçados a fazer o que fizeram e mudará muito mais rapidamente ainda daqui para frente. Portanto, ACORDEM! ACORDEM! Não façam dos seus filhos uma tropa de infelizes como muitos da sua geração foram.

Tudo isso é pesquisa cientificamente comprovada e, portanto, não é papo furado de humanista de RH. Precisamos salvar esta geração para que ela realmente faça deste país um lugar bom de se viver. Pensem e reflitam. Permitam que seus filhos sejam felizes! Eles produzirão 33% mais que qualquer outro infeliz que foi forçado pelo pai a fazer o que não gostaria. Ahh, e antes que eu esqueça, sim, existem algumas pouquíssimas exceções. Portanto, ACORDEM!